História da segunda guerra

Grande Hotel

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Rampa

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Ponta Negra

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Desde os primeiros voos transatlânticos realizados na década de 1920, a importância da localização de Natal já se fazia notar. Nos anos 1930, companhias alemãs e italianas começaram a operar comercialmente cumprindo o trajeto Europa – América do Sul através de Natal. No final daquela mesma década, as Forças Armadas Norte Americanas, consideravam a cidade de Natal como de vital importância para a defesa do Continente Americano e os americanos se viram na necessidade de construir bases aéreas no Nordeste. Como o Brasil e os Estados Unidos ainda estavam neutros, foi contratada a companhia aérea privada Pan American para executar as obras.

Com a entrada de Estados Unidos e, posteriormente, o Brasil na Guerra, a posição geográfica privilegiada de Natal, facilitando deslocamentos para África e Europa, proporcionaram a criação da base conhecida como Parnamirim Field que, na década de 1940, era uma das maiores bases aéreas americanas em território estrangeiro. Ao fim da guerra e com a vitória dos aliados, o fato rendeu à capital potiguar o apelido de “Trampolim da Vitória”.

Com o objetivo de ligar a cidade de Natal à base aérea de Parnamirim Field, foi realizada a obra da avenida Hermes da Fonseca em setembro de 1940. Não por acaso, diversas edificações de enorme importância histórica para o período da segunda guerra estão localizadas neste trajeto.

Com a doação do terreno localizado na Avenida Hermes da Fonseca, o Aeroclube do Rio Grande do Norte foi Fundado em 1928 por iniciativa do então Governador Juvenal Lamartine, quando a aviação comercial começava a se desenvolver em todo o Brasil. No local, ficava a antiga casa de veraneio do ex-governador Alberto Maranhão. No princípio, foi criada uma escola de aviação dirigida por Djalma Petit.

Logo, o Aeroclube se tornou um dos melhores clubes sociais da cidade e quando teve início a presença das forças militares norte-americanas em Natal durante a Segunda Guerra Mundial, o lugar passou a ser palco de muitas festas realizadas pelos norte-americanos. Vários destes eventos contavam com a presença de importantes artistas americanos e sempre havia membros da sociedade local aproveitando os festejos.

O Aeroclube foi um dos locais existentes na capital potiguar mais citados por publicações americanas que documentaram aquele período. Praticamente não havia um fim de semana em que uma das muitas unidades militares baseadas em Natal, fossem da US Army, fossem da US Navy, não promovessem alguma festa neste clube e sempre com participação dos brasileiros.

Além de festas, eram muitas as disputas esportivas, como torneios de tênis, por exemplo, inclusive com a participação de membros das forças armadas brasileiras.

Em fins de 1940, este imóvel passou a ser utilizada como Consulado Americano em Natal. Durante todo o período da presença das forças militares americanas em Natal, este foi um dos principais locais de sua estrutura de trabalho na cidade. Por lá passaram várias autoridades, como por exemplo o então Embaixador dos Estados Unidos na União Soviética, o Sr. Joseph E. Davies, que esteve em Natal em setembro de 1943. Até 1947, os americanos utilizaram este local como seu consulado oficial em Natal.

Atualmente, a edificação pertence à Marinha do Brasil, que em 15 de junho de 1976 ali instalou o Comando do 3° Distrito Naval.

Neste local está instalada desde dezembro de 1952 a tradicional Escola Doméstica de Natal, mas durante a Segunda guerra Mundial foi a “Staff-House”, a casa da equipe, onde convivia as equipes de trabalho da ADP (Airport Development Program / Programa de Desenvolvimento de Aeroportos) e da PAA (Pan American Airways).

A razão das equipes destas duas organizações estarem juntas em Natal remonta aos episódios relativos à ameaça ítalo-alemã no norte da África. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill pressionou o presidente americano Franklin D. Roosevelt para que este apoiasse as forças da Commonwealth nas suas lutas no norte africano. Isso gerou uma série de eventos que levaram os americanos a desenvolver e manter, com a construção de inúmeros campos de pouso pela ADP, pioneiras rotas aéreas transatlânticas entre os Estados Unidos e a África.

Mas devido o fato das tripulações militares americanas não possuírem a necessária experiência para percorrer longas rotas aéreas, as autoridades de Washington recorreram as já experientes tripulações civis da companhia aérea comercial Pan American Airways. Mas a parceria não ficou só nisso, a empresa Pan American Airways era oficialmente o agente do governo dos Estados Unidos para a realização do programa ADP.

Foram construídos, ou melhorados, aeroportos em toda a área do Caribe, América Central, e Brasil, bem como na Libéria. Isso foi, no entanto, apenas o início de uma rede de linhas aéreas que eventualmente englobariam dois terços da Terra.

Engenheiros e técnicos da ADP planejaram e construíram a Base de Parnamirim e a Rampa, as margens do Rio Potengi, onde amerissavam muitos dos hidroaviões da PAA.

A Maternidade Escola Januário Cicco foi idealizada pelo médico Januário Cicco, norte-rio-grandense nascido em São José do Mipibu em 1881. Suas obras tiveram início em 1932. No princípio da década de 1940, a Maternidade estava pronta para funcionar. No entanto, com o início da Segunda Guerra Mundial, foi necessária sua ocupação como Hospital de Campanha e Quartel General das Forças Aliadas. Com o final da Guerra e após intensa campanha, o Dr. Januário Cicco conseguiu retomar o prédio, restaurá-lo e colocá-lo para funcionar, o que ocorreu somente em 1950.

Seguramente este local é uma das maiores referências relativas a história da Segunda Guerra Mundial em terras potiguares. No final da década de 1930, a capital potiguar contava com cinco hotéis de pequeno porte, todos ficavam na Ribeira.

Quando a aviação começou a destacar a cidade em todo mundo, algumas empresas aéreas começaram a utilizar Natal como escala em viagens entre a Europa e a América do Sul, sendo constantes os pousos de hidroaviões vindos de diversos pontos do mundo junto ao estuário do Rio Potengi. Natal precisava de um hotel moderno, amplo, para um momento de intensas transformações sociais, econômicas e políticas no Rio Grande do Norte. A partir de 1935 começou o projeto do Grande Hotel. O empreendimento foi arrendado em maio de 1939, mas só começou efetivamente a funcionar em setembro daquele ano.

Os primeiros norte-americanos que chegaram a cidade foram os técnicos da ADP, com a função especifica de trabalhar no desenvolvimento de Parnamirim Field e foi para o Grande Hotel que eles se dirigiram em busca de algum conforto. Logo o inglês, depois do português, passou a ser o idioma mais falado nos bares, restaurantes, boates e no comércio local.

Além dos estrangeiros, grandes figuras de projeção nacional e da máquina governamental de Getúlio Vargas se hospedavam no Grande Hotel, inclusive altas autoridades militares como Gaspar Dutra, Cordeiro de Farias e Mascarenhas de Morais.

Até recentemente o prédio do Grande Hotel foi utilizado pelo Juizado Especial Central da Comarca de Natal, antes conhecido como Juizado de Pequenas Causas.

O local hoje conhecido como Consulado Bar e Restaurante tem um valor histórico inestimável para a memória da Segunda Grande Guerra em Natal. Primeiro por estar localizado na rua onde nasceu a grande referência intelectual da cidade, o escritor e pesquisador Luís da Câmara Cascudo que, por esta razão, dá nome à mesma.

Porém, o fato que o conecta diretamente à história da guerra se dá em razão de o imóvel ter pertencido ao italiano Guglielmo Lettieri, empresário que se estabeleceu em Natal, onde fez fortuna. No local, instalou a Cantina Lettieri e era dono também da única fábrica de gelo da cidade. A Cantina recebeu os aviadores italianos Arturo Ferrarin e Carlo Del Prette em 1928, além do general Ítalo Balbo em 1931.

A grande afinidade do proprietário com o governo de Benito Mussolini o levou a ser nomeado cônsul da Itália no ano de 1938. Sua simpatia pelo nazi-fascismo pode ser conferida em parte do piso do restaurante, onde se o símbolo nazista (a suástica) estampada e preservada pelos atuais donos do estabelecimento.

Durante a Guerra, o empresário foi preso e condenado por traição e espionagem, tendo sido anistiado após o término do conflito. Quando o senhor Lettieri morreu, a família vendeu o imóvel à Bolsa de Valores do Rio Grande do Norte que funcionou por muitos anos no local. Hoje, o Consulado Bar e Restaurante é uma boa pedida para almoçar em sistema de auto-serviço e aproveitar um pouco de resgate histórico de aperitivo.

Desde 1922, Natal já comtemplava hidroaviões que amerissavam no rio Potengi, realizando os pioneiros “raids” aéreos. Em janeiro de 1930, empresas de diversos países passaram também a operar no local, frequentando o Rio Pontengi. A antiga Base de hidroaviões de Natal está localizada à margem direita do rio Potengi, próximo a sua embocadura.

Já no período da Segunda Guerra Mundial, a pequena estação de passageiros dá lugar a uma moderna e ampla base de hidroaviões. O local foi construído para assegurar as operações dos hidroaviões de patrulha da US Navy na área do Atlântico Sul e ao longo da costa nordestina, principalmente com ações de patrulha marítima, guerra antissubmarino e busca e salvamento. Para os militares norte-americanos, o que atualmente conhecemos como RAMPA, era oficialmente denominada “NAF – NATAL”, ou Naval Air Facility - Natal.

Quando a Guerra acabou, a NAF – NATAL, ou simplesmente RAMPA para os natalenses, foi considerada sem utilidade para as forças armadas dos Estados Unidos. Foi então o prédio transformado em clube social e posteriormente passou a ocupar o local o Cassino dos Oficiais da Força Aérea Brasileira. Depois ali funcionou um restaurante.

Na década de 1990 o local estava sob a responsabilidade da União, até o dia 13 de julho de 2009, quando o estado do Rio Grande do Norte tomou posse do espaço. Atualmente, o local se encontra em recuperação visando a construção de um museu. Toda a área, onde funcionou NAF – NATAL , a RAMPA, acha-se classificada como bem patrimonial e cultural.

A decisão de construção de uma Base Naval em Natal já havia sido determinada em decreto presidencial desde 1922. Porém, somente a 7 de julho de 1941 à margem direita do rio Potengi, era iniciada a preparação do terreno para a edificação do prédio do Comando. Com a entrada do Brasil a Base da Marinha fazia parte do planejamento conjunto de Brasil e Estados Unidos para as operações de guerra. Os americanos ficaram responsáveis pela Rampa, de onde partiam os aviões aliados. Já o Brasil se comprometeu em construir a base que foi projetada pelo Almirante Ary Parreiras. As obras acabaram demorando mais do que o previsto e a base não chegou a receber navios antes do fim da guerra. Hoje, no entanto, está em pleno funcionamento, tendo sido, inclusive, reformada recentemente.